quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Quando eu tinha zero...


Por aqui, bons ventos trazem nova vida e nova vida trás novos pensamentos. Nasceu a mais nova priminha dos meus filhos: Heloísa! Uma gracinha super cabeluda e saudável!

O que eu não esperava era que ela fosse causar tanta comoção nos meus filhotes. A pequena tem um irmão mais velho e eu achei que os ciúmes, inseguranças e reflexões estariam reservados para ele (e pros pobres pais dele...). Achei que minha cota de gerência nessa seara tinha se encerrado e imaginava até ajudar meu sobrinho e seus pais com minha vasta experiência de administração de irmãos.
Eis que fomos levar as crianças para conhecer a doce Heloísa. Logo que chegamos, a pequena estava mamando. Coloquei cada um no colo para que pudessem vê-la, uma vez que a cama do hospital é alta. O José imediatamente gritou: "mamá!! Qué mamá!!!" - chorando e exigindo peito também... Falei: filho, seu mama é na mamadeira que está lá em casa... A Heloísa é pequenininha e precisa mamar no peito da tia Irene quase o tempo todo! - Ao que ele respondeu: eu (pequeni) ninho! Eu qué mama!!! - foi o suficiente para eu questionar se o desmame dele (aos dois anos) foi muito cedo... Na verdade, suficiente para ele questionar isso... Mas mal deu tempo de me preocupar com o José. A Rosa fez um carinho na cabecinha de Heloísa, mas logo em seguida começou um esforço histérico de chamar a atenção. O que não é de todo do feitio dela... Chamava a cada segundo e resolveu criar uma brincadeira de acordo com ela muito engraçada, que envolvia dar tapinhas no meu rosto...! Quando eu já não agüentava mais, ela diz: mamãe, finge que você é a tia Irene e eu sou a Heloísa?

Mas, pensei eu, tudo bem: olha pra Clarissa! Olha como nossa mais velha é mocinha e ficou toda encantada com a prima, quer ajudar a tomar conta, quer pegar no colo, não tira o olho do bebe e nem da Irene, uma graça! Até começarem as perguntas... Que, como sempre que o assunto e cabeludo, ela dirigiu a Marta:

Clarissa: mamãe, porque a tia Irene ta assim deitada? Como que o bebe saiu? Foi pela perereca?
Marta: na verdade filha, a tia Irene passou a noite sem dormir porque o bebe estava tentando sair pela perereca, mas teve um problema e ele não conseguiu. Aí o médico teve que abrir a barriga dela para tirar a Heloisa e por isso ela está cansada e com um pouco de dor. A gente não pode mexer nela, tá?
Clarissa: então o médico cortou ela e ela não dormiu e ela tá muito cansada... mas ela ta feliz?
Marta: sim filha, ela ta feliz.
Clarissa: ela ta feliz porque o bebe dela nasceu?
Marta: ela ta feliz porque ela encontrou a filhinha dela e a gente sempre fica feliz quando encontra nossos filhos.
Clarissa começa a chorar.
Marta: que foi filha?
Clarissa: Você gostava de mim quando eu tinha zero anos?
Marta: claro que gostava. Eu gostava de você desde antes de você nascer.
Clarissa: mas você não me conhecia quando eu tinha zero...
E daí foi difícil de acalmar... As perguntas não pararam. "Quando eu tinha zero eu nasci nesse hospital?", "Quando eu tinha zero eu tinha cabelo?"... E chorando. Fomos explicando as coisas devagar. Como o amor sempre esteve lá esperando nosso encontro. E fomos dando as informações que temos de quando ela tinha zero. Ela nasceu em um hospital (parecido com aquele) e pesava mais ou menos o mesmo que a Heloísa pesa hoje... Aos poucos ela foi acalmando.
Meu maior medo era ela perguntar da tal moça que carregou ela na barriga e deve ter ficado cansada como a tia Irene depois do parto e não saber dizer se ela estava feliz... Mas ela não me perguntou. Não sei se ela ainda não entende ou se não quer perguntar nada da "outra moça que a gente não conhece"como ela mesma diz. A verdade vai bem até certo ponto, mas passar do ponto que temos ido...ainda não sei se estou preparada.
O fato é que os três se identificaram com a nova bebe. Os três ainda tem bem perto a sensação de quando eles tinham zero... Claro, foi ontem! rs Ao menos pra mim... Meus bebezinhos que crescem a olhos vistos, mas no fim das contas nossa relação se resume a este vínculo e proteção e simbiose de uma mãe e seu recém nascido. Essa ainda é minha relação com os três. Não sei se isso muda...

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