sábado, 25 de fevereiro de 2012

De Onde eu Vim


Fiz essa poesia faz algum tempo, pensando em transformar em um livrinho para a Rosa e agora, certamente para o José. A irmã da Marta está fazendo as ilustrações do livrinho e meu irmão fez o quadrinho abaixo. Estou vivendo uma troca muito interessante com outras mães em situação semelhante a nossa e achei legal dividir esse texto também aqui:


Era uma vez duas mamães que queriam muito um filho
Elas sonhavam com ele todos os dias
E um dia, elas sabiam, ele viria

As mamães procuraram seu neném
Em todas as nuvens
Em todas as estrelas
E em todos os seus sonhos também
E lá encontraram

Primeiro buscaram um doador
Que deu a sementinha que faltava
Depois chamaram um médico
Que ajudou no que precisava

Misturando a sementinha na barriga de uma das mamães
Com um bocado de amor
Um tanto de carinho
E uma pitada de esperança
Lá estava uma criança

A barriguinha foi crescendo e o amor das mamães também
Arrumaram quarto
Roupa e brinquedo
Jogaram fora medo e segredo
Tudo pro neném!

Até que um dia
O dia mais bonito de todos os dias
O neném nasceu
Cercado de amor e carinho
Um outro dia ele cresceu

E quando fazia das suas
Essa criança, sempre linda, dizia,
Mães, eu tenho duas!!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Casa grande, família maior ainda...

Essa postagem era para ser apenas sobre a nossa nova casa, mas eventos dessa semana me fazem falar sobre todo nosso sonho de família.
Bom, primeiro a casa. Até março vamos nos mudar para Santa Tereza. A casa é do meu pai: casa dos sonhos, construída depois de uma vida de trabalho, com piscina, área para jardim, garagem, quarto para todos os filhos e os futuros netos. Mas, pelo menos até o momento, o papai não pôde morar ali tanto quanto gostaria. Mudança de emprego para Porto Alegre, depois São Paulo e sem previsão para voltar para a charmosa Santa Tereza... Quando engravidamos de gêmeos, ficamos preocupadas em não caber no nosso apartamento e surgiu o delicioso convite de ocuparmos a casa de Santa.  Um mês depois, descobrimos que apenas um embrião havia se desenvolvido, ou seja, teríamos mais um filhote e não mais dois, mas, conversando todos, achamos que a Rosa e o José teriam uma excelente qualidade de vida na casa e, afinal, já que a casa era para filhos e futuros netos, pelo menos esses estariam aproveitando - e bem! Passamos o primeiro dia na casa esse sábado e a Rosa se esbaldou na piscina!
Mas chegou segunda feira e recebemos um telefonema que mudou o caminho desse post e das nossas emoções. Quando pensamos em ter filhos, a primeira idéia era adotar. Fomos na Vara da Infância e abrimos um processo de habilitação para adoção no final de 2008. A partir daí, esperamos. Seis meses se passaram e nada, nenhum contato. Até que decidimos descobrir o processo de inseminação e afins. Tínhamos ido duas vezes ao médico quando ligaram da Vara chamando para um grupo que se encontraria todas as quartas e representava o início do processo da habilitação. Como adotar uma criança faz parte dos planos da nossa vida, fomos ao grupo. Enquanto isso, iniciamos o tratamento com o médico. Resumindo, houve um momento em que eu e Marta estávamos em processo para engravidar e ainda frequentávamos o grupo de adoção - Isso é que é querer um filho! Nessa época escrevi uma carta para os filhos que resultassem desse processo. Transcrevo um pedaço abaixo, pois são muitas páginas...:

"Meus futuros filhos,
Pois é, eu e sua mãe Marta, tomamos o que deve ser a principal decisão das nossas vidas. Vamos ter filhos. (...) Percebemos que um filho nasce do amor. Isso tem de sobra nessa casa! Nos amamos muito, estamos juntas vai fazer 10 anos em 23 de janeiro próximo, e temos muito amor para construir uma família. Agora existe eu, Marta, Zé, Mané e a, cada vez mais forte, presença de vocês. Existem muitas formas de nos encontrarmos e estamos no caminho de todas, pois ainda não sabemos como vocês vão querer vir. Nesse processo, somos obrigadas a fazer milhões de escolhas que vão interferir diretamente na vida de vocês, mas, como ainda não podemos perguntar como preferem, espero muito estarmos acertando.
Hoje, por exemplo, fiz minha segunda tentativa de inseminação.
Na verdade, parei de escrever porque a Marta chegou. Hoje já é domingo (estava escrevendo em uma quinta-feira) e sua mãe Marta também fez uma tentativa de inseminação ontem. Para que nos entendam, queremos tanto que vocês venham, já os amamos tanto, que estamos mesmo pensando em uma família grande! Ao mesmo tempo, nós duas estamos tentando a inseminação e, um pouco antes disso, entramos com um processo de adoção. Acreditamos que toda a criança precisa ser adotada, se não trata-se apenas um fenômeno biológico, de maneira que é assim que vai ser aqui em casa. Todos serão adotados. Provavelmente, um vai nascer da minha barriga, outro da barriga da mamãe Marta e outro ainda de uma terceira barriga! O fundamental não é de onde vieram, mas onde vão chegar e o que vamos construir juntos. Mas achamos que devem saber de onde vieram e, por isso, escrevo essa carta."
Enfim, começamos aí a planejar nossos três filhos. Três filhos que sonhamos desde o inicio do nosso namoro e eu, com apenas 18 anos, brincava dizendo que teríamos um da minha barriga, um da barriga da Marta e um terceiro adotado! Eis que a brincadeira começava a se tornar realidade.
O resto da história vocês sabem mais ou menos. Primeiro a Marta engravidou, agora eu. A habilitação para adoção saiu quando a Rosa tinha quatro meses. Decidimos suspender a habilitação, pois estávamos ainda em um momento muito inicial com a Rosa. Quando decidimos ter o segundo, resolvemos priorizar a minha gravidez, pois a biologia rege o tempo desse tipo de processo (e digamos que mesmo tendo menos de 30 anos eu não engravidei com facilidade) e mantivemos a habilitação suspensa.
Acontece que essa segunda feira nos ligaram da Vara da infância e adolescência informando que havia uma menina de dois anos e nove meses apta a adoção e que éramos as primeiras da fila. Que fila? Nossa suspensão durava apenas um ano. Não nos informaram ou não entendemos isso... pedimos 24h para pensar. A moça entendeu o engano e poderíamos ter nos afastado do caso na hora, mas também não conseguimos. Ficamos muito abaladas, pois sempre imaginamos esse telefonema seguido de uma grande euforia, mas não era isso agora. Se por um lado queríamos que fosse, por outro tínhamos medo de ser irresponsáveis com as três crianças.  Após pensar um bocado, pelo menos racionalmente entendemos que cada criança ia precisar de cuidados especiais: o José como recém nascido, a Rosa se adaptando a não ser mais filha única e, sem duvida, essa menina, se adaptando a toda uma nova vida. Não seríamos as melhores pessoas para dar isso para ela agora. Falamos com a assistente social com lágrimas nos olhos. A Marta chorou muito e ainda estamos abaladas.
Mas enfim, isso reacendeu nosso sonho. Sonho que não é mais sonho, é plano. Depois que o José nascer, pretendemos criar as circunstâncias de mais um filhote para completar a tão sonhada família. Quando suspendermos o bloqueio da nossa habilitação, temos certeza que virá para nós uma criança linda que nos fará mais felizes e mais completas e que vai se divertir muito com os seus dois irmãozinhos. Queremos nos preparar para ela como nos preparamos para a Rosa e agora para o José. Mais um tempo e o blog deve ter que mudar de nome... E espaço tem: viva a casa de Santa Tereza!